Sabe-se que o homem conhece o processo de fermentação desde 10.000 a.C., época da chamada Revolução Neolítica. Foi quando o ser humano começou a fundar vilas e cultivar a terra, deixando de ser nômade. Foi no mesmo período que outras importantes descobertas, como a roda, a escrita e a cerâmica.
Acredita-se que a descoberta da fermentação da cevada foi obra do acaso. Grãos esquecidos em vasos foram misturados à água e viraram açúcares. No melhor estilo tentativa e erro, logo as leveduras foram acrescentadas e a cerveja começava a tomar forma.
O registro mais antigo envolvendo a cerveja é datado de 4000 a.C. e vem da Mesopotâmia, no território que hoje corresponde ao Iraque. 600 anos mais “novos” são os indícios de que em 3.400 a.C. a cevada era utilizada no Egito para a fabricação da bebida.
Com o tempo, foram sendo encontradas evidências da fabricação de cerveja ou similares em diversos lugares do mundo, produzidas a partir de diversos vegetais: na China era usado arroz e painço, os africanos usavam sorgo e o milheto e os índios brasileiros, mandioca. Só os historiadores romanos registravam nada menos que 195 tipos da bebida por volta do início da era cristã.
Com a expansão do Império Romano, o método de fabricação de cerveja se espalhou pela Europa.
Na Idade Média, houve um grande impulso no consumo de cerveja. A bebida chegava a substituir a água em determinadas regiões. Afinal, era uma época na qual o saneamento básico inexistia e no processo de fabricação da cerveja as impurezas da água eram filtradas, evitando a contaminação.
Outro fator importante foi o início da fabricação de cerveja nos mosteiros. Até o século VI d.C., esta era uma atividade basicamente caseira. Com a peregrinação dos monges pela Europa, eles fundaram instalações capazes de produzir cerveja em grande escala. Além disso, havia espaço para o plantio da matéria-prima.
Alguns monges também inventavam utensílios adequados ao trabalho e como sabiam escrever (algo raríssimo na época) registravam suas impressões e aprendizados, contribuindo ainda mais para a evolução do processo de fabricação da cerveja.
Em 1040, o mosteiro de Weihenstephan, na região da atual Alemanha, se tornou o primeiro a receber autorização para produzir cerveja comercialmente. 27 anos depois, surge a primeira citação do uso de lúpulo na fabricação de cerveja.
O lúpulo, além de dar frescor à bebida também contribuía para sua conservação. E a qualidade da cerveja era algo muito importante para os monges, que tinham nela sua fonte de alimentação nos períodos de jejum.
Ao longo da Idade Média, a evolução das técnicas de produção acabou transformando a atividade. Ela deixou de ser esporádica e aos poucos foi caminhando para a industrialização.
Com a reforma protestante, chegou ao fim do predomínio dos mosteiros na produção de cerveja. Em 23 de abril de 1516, foi proclamada na Alemanha a Reinheitsgebot, ou “Lei da Pureza”. A regulamentação definia que apenas três ingredientes poderiam constar na fabricação da cerveja: água, malte e lúpulo.Cabe observar que as leveduras não eram mencionadas, pois sua ação só seria compreendida mais de três séculos depois.
A Lei da Pureza proporcionou que a indústria da cerveja passasse por uma forte modernização. Além disso, houve uma demanda crescente em toda a Europa, já que era mais barata que o vinho. A bebida caiu nas graças de gente ilustre como o célebre dramaturgo inglês William Shakespeare. Em sua obra é possível encontrar diversas citações da vezes fez citações a respeito da cerveja.
Em meados do século XVII, houve uma alta nos preços da cevada, levando a produção de cerveja a um forte declínio. Somado ao aumento dos impostos, a qualidade caiu. Nesse cenário pouco favorável, surgiram outras opções de bebida, como o café, o chá e o gim.
Mesmo assim, a tradição cervejeira resistiu em países como Alemanha, Dinamarca, Holanda, Bélgica, Áustria, Inglaterra, Irlanda e República Tcheca. Em meio à crise, novas tecnologias foram desenvolvidas e as bebidas ganharam sabores regionais. Daí em diante, é uma outra história…
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